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Histórico

   

HISTÓRICO

Sediado atualmente na cidade de Niterói/RJ, no aquartelamento do Forte Rio Branco, no bairro de Jurujuba (região com presença militar desde 1567), o 21º GAC tem origem no Corpo de Artilharia do Rio de Janeiro de quem herdou as mais honrosas tradições da Artilharia de Campanha. Sua história reúne três linhas denominadas: “Linha de Campinho”, “Linha do Corpo de Artilharia” e “Linha de São Cristóvão”.

Criado por determinação de Dom João V, através da Carta Régia de 16 de abril de 1736, o Corpo de Artilharia tinha como finalidade melhor guarnecer as fortificações que defendiam a entrada da Baía de Guanabara, tendo o 21º Grupo de Artilharia de Campanha herdado deste as mais honrosas tradições da Arma de Artilharia.

Motivo de orgulho para as gerações de artilheiros que por aqui passaram, foi o pioneirismo exercido por José Fernandes Pinto Alpoim no ensino dos misteres da Artilharia, através de seu tratado intitulado Exame de Artilheiros, primeiro livro escrito no Brasil, tendo Alpoim exercido, ainda, as funções de 1º Subcomandante e 2º Comandante do Corpo de Artilharia do Rio de Janeiro.

Ao longo de quase três séculos de história, o Grupo de Artilharia sofreu profundas transformações e assumiu denominações diversas, tendo participação destacada em importantes momentos históricos, como: a Guerra Guaranítica, a Guerra contra Artigas, a Guerra dos Farrapos, o Cerco a Montevidéu, a Guerra Civil Uruguaia, a Guerra do Paraguai, a Proclamação da República, a Repressão à Revolta da Armada, a Campanha de Canudos e a Segunda Guerra Mundial.

Em dezembro de 1824, é transformado em 1º Corpo de Artilharia de Posição, posteriormente, é transformado em 1º Batalhão de Artilharia a Pé (1º Btl Art Pé) no ano de 1839, com a missão de guarnecer os fortes e fortalezas da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Com esta denominação, participou ativamente da campanha contra ORIBE e ROSAS, do cerco a MONTEVIDÉU e da Guerra do PARAGUAI em memoráveis batalhas como RIACHUELO, TUIUTI, HUMAITÁ e ANGOSTURA, entre outras. Durante toda a Campanha da Guerra do Paraguai, o 1º Btl Art Pé era OM subordinado diretamente à 1ª Brigada de Artilharia (1ª Bda Art), atual AD/3 (Cruz Alta/RS), que foi um Grande Comando de Artilharia criado em 1866, tendo seu primeiro comandante o Brigadeiro Gurjão (oficial este morto em decorrência de ferimentos na Batalha de Itororó), e seu segundo comandante o Marechal Mallet.

Em 1874, a OM é transformada em 2º Regimento de Artilharia a Cavalo (2º RACav), no qual o lendário Marechal RONDON prestou seus serviços ainda como soldado amanuense.

Em 1888 passou a denominar-se 2º Regimento de Artilharia de Campanha (2º RAC). Auxiliou a debelar a Revolta da Armada, e sua 4ª Bateria, sob o comando do Capitão SALOMÃO DA ROCHA, foi heroicamente sacrificada na Campanha de Canudos.

Vultos ilustres da história militar brasileira fizeram parte da trajetória vitoriosa desta tradicional Organização Militar de Artilharia do nosso Exército, cabendo-se destacar:

- Marechal DEODORO DA FONSECA, Comandante do 1º Batalhão de Artilharia a Pé;

- Marechal FLORIANO PEIXOTO, Marechal BITENCOURT, General TIBÚRCIO, General DIONÍSIO CERQUEIRA e Tenente Coronel VILAGRAN CABRITA, oficiais subalternos no 1º Batalhão de Artilharia a Pé;

- Marechal TROMPOWSKI e Marechal HERMES DA FONSECA, praças no 1º Batalhão de Artilharia a Pé;

- Marechal RONDON, praça no 2º Regimento de Artilharia a Cavalo; e

- Capitão SALOMÃO DA ROCHA, oficial intermediário no 2º Regimento de Artilharia de Campanha.

Em junho de 1908, transformou-se no 1º Regimento de Artilharia Montada (1º RAM), denominação sob a qual se fundiriam as linhas do Corpo de Artilharia e do Campinho (então 20º Grupo de Artilharia de Montanha).

Capítulo à parte na história do 21º Grupo de Artilharia de Campanha coube ao II/I Regimento de Obuses Auto-Rebocado (II/I ROAuR), originário do Forte de Nossa Senhora da Glória do Campinho e participante da campanha vitoriosa da Força Expedicionária Brasileira nos campos da Itália, deflagrada após o torpedeamento de navios mercantes na costa brasileira, dentre estes os navios Baependy e Itagiba, em agosto de 1942.

O II /I Regimento de Obuses Auto Rebocado, integrante da Força Expedicionária Brasileira, é herdeiro direto da Linha do Campinho. Iniciado em 1908, com a criação do 20º Grupo de Artilharia de Montanha.

Participou da Campanha da Itália na II Guerra Mundial, tendo dado primeiro tiro de Artilharia Brasileira em território europeu, no dia 16 de setembro de 1944, sob o sopé do Monte Bastione, foi realizado o “1º Tiro da Artilharia brasileira” disparado em solo europeu. Evento marcante para a FEB e que até hoje é rememorado como prefácio dos feitos da Artilharia brasileira nos campos de batalha da II Guerra Mundial, sendo seu desfecho glorioso ante as forças do Eixo, em defesa dos ideais de “liberdade e democracia” no mundo.

Figura 1 – Roteiro da Força Expedicionária Brasileira no Teatro de Operações Italiano

 

O Batismo de Fogo

Em 14 agosto de 1944, o 1º escalão da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária passou a integrar o V Exército Norte-americano, que tinha por missão fixar os nazistas na Linha Gótica. Essa fração da Força Expedicionária Brasileira (FEB) entrou em ação na Itália sob o comando do General Euclides Zenóbio da Costa com um efetivo de 5.075 combatentes.

Dentre eles, o 2º Grupo do 1º Regimento de Obuses (atual 21º Grupo de Artilharia de Campanha, Niterói-RJ), Comandado pelo então Coronel Geraldo Da Camino, em apoio direto ao Destacamento composto pelo 6º Regimento de Infantaria (6º RI), um pelotão de Carros de Combate americanos e um Pelotão de Reconhecimento brasileiro, que tinham a missão de ocupar ou conquistar a linha Massarosa – Bozzano – Marti – La Certosa – Via del Pretino – Santo Stefano.

Na noite de 15 de setembro de 1944, o Grupo iniciou o deslocamento, em total escuridão, para ocupar posição de tiro nas encostas do Monte Bastione, fora do campo visual dos nazistas, e aguardar a primeira missão de tiro fora do continente sul-americano.

No sopé do Monte Bastione, ao norte da cidade italiana de Lucca, na Toscana, um vento gelado já prenunciava os rigores do inverno próximo. Precisamente às 14 horas e 22 minutos, do dia 16 de setembro de 1944, foi lançado contra o inimigo nazista o primeiro tiro jamais disparado pela artilharia brasileira fora do continente sul-americano, atingindo com precisão o objetivo previsto: Massarosa, após a Central de Tiro encaminhar os comandos de Tiro à Linha de Fogo, para a única artilharia da América Latina, presente em solo europeu. Era o primeiro dos milhares de tiros disparados pela nossa Artilharia Expedicionária, estes contribuíram para a primeira conquista brasileira na Itália, com a efetiva libertação da cidade de Massarosa, como epílogo final, a FEB veio a expulsar da Itália o nazi-fascismo.

Figura 2 – O 1º Tiro da Artilharia da Força Expedicionária Brasileira no território Italiano foi disparado no dia 16 de setembro de 1944.

 

Pode-se dizer que não existe propriamente um “autor” do primeiro tiro de artilharia da FEB. Um tiro de artilharia envolve um conjunto de subsistemas que compreende os observadores avançados, encarregados de localizar os alvos e de transmitir as informações por meio de telefonistas e/ou radio-operadores à central de tiro. Já a central de tiro calcula os elementos de pontaria e os repassa à Bateria de Obuses, onde o oficial Comandante da Linha de Fogo (CLF) os retransmite às peças. Na peça de artilharia, sob o comando de um sargento Chefe de Peça, os serventes cumprem suas missões específicas: o C1 (cabo apontador) realiza a pontaria em direção e o C2 (soldado atirador) o registro da elevação. O final desse processo resulta na ordem de FOGO!...com o simultâneo e brusco puxão na corda do mecanismo de disparo, efetuado pelo C2 (soldado atirador). Porém se consideramos como “autor” do primeiro tiro de artilharia da FEB o responsável pelo disparo da peça, cabe ao Cabo Adão Rosa da Rocha – soldado atirador da 2ª peça, da 1ª Bia do II/I ROAuR.

              (a)                                                          (b)

Figura 3 – Imagem (a) Preparação de Tiro de Art do II/I ROAuR; (b) Sd Francisco de Paula, praça do do II/I ROAuR.

 

A foto do soldado Francisco de Paula (Fig. 3b), prestes a carregar o Obuseiro 105mm M101A1 com uma granada onde está escrito: “A Cobra está Fumando”, foi estampada na capa de diversos jornais brasileiros, o que lhe rendeu a fama.

O II /I Regimento de Obuses Auto Rebocado (atual 21º GAC) participou das memoráveis campanhas de CAMAIORE, TORRACIA, MONTE PRANO, MONTE CASTELO, MONTESE, entre outras. Após o conflito, a Organização Militar foi agraciada com a Cruz de Combate de 1ª Classe e a Medalha da Ordem do Mérito Militar.

Figura 4 – Bandeira Histórica do 21º GAC – Grupo Monte Bastione

 

Em 1946 foi criado o 1º Regimento de Obuses 105 mm (1º RO 105), ao qual se subordinam os Grupos Da Camino (atual 21º GAC) e Grupo Levy Cardoso (atual 1º GAC AP de Selva), ambos Grupos de Artilharia Febianos.

Em 1972, o Grupo recebe a denominação atual (21º GAC), ocupando, em 1976, as instalações do extinto 1º Grupo de Canhões Automáticos Antiaéreos (1º GCan AuAAe 40), no bairro imperial de São Cristóvão, nas proximidades da Quinta da Boa Vista.

Figura 5 – Imagem do Pavilhão do 21º GAC em São Cristóvão, Rio de Janeiro-RJ, em 1978.

 

Em 1978, recebeu a denominação histórica de “Grupo Monte Bastione”, eternizando a epopeia protagonizada pelo então II/I Regimento de Obuses Auto-Rebocado.

Figura 6 – Linha do Tempo da evolução histórica do 21º GAC

Finalmente, em 2005, dando continuidade ao processo de reestruturação da Força Terrestre, o 21º GAC é transferido para a cidade de Niterói, ocupando as instalações históricas do “Forte Barão do Rio Branco’, “Forte de São Luís”, “Forte do Pico” e “Forte Imbuhy”, este último, sede atual do Centro de Instrução de Operações Especiais.

Figura 7 – Fotografia do Monumento em homenagem aos integrantes do II/1ºROAuR na II Guerra Mundial, Forte Rio Branco, Niterói-RJ.

 

A OM foi subordinado à Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército (AD/1) – “Artilharia Divisionária Cordeiro de Farias”, em 05 de janeiro de 2006. Agrupando diversas OM Febianas a um Grande Comando de Artilharia com raízes de tradição Febiana: Artilharia Divisionária Cordeiro de Farias (AD/1), o Grupo Monte Bastione (21º GAC), o Grupo Montese (11º GAC) e a Bateria Gaggio Montano (Bia C AD/1).

Figura 8 – Organograma da subordinação do 21º GAC (atualmente).

 

Fortificações do 21º GAC

Como histórico do Forte Rio Branco (sede do Comando do 21º GAC), não há registros oficiais precisos sobre a época da construção do Forte da Praia de Fora (hoje denominado Forte Barão do Rio Branco), no entanto, tudo indica que a mesma ocorreu juntamente com o estabelecimento da Bateria de Nossa Senhora da Guia, no ano de 1567, na Ponta de Santa Cruz, tendo sido erguida para proteger o flanco daquela posição. Entretanto é certa sua participação durante as incursões dos piratas franceses em 1710 e 1711. No ano de 1887, o Forte era artilhado com 24 canhões de bronze portugueses e dois canhões “à barbeta”, fabricados na Inglaterra. Estes dois últimos permanecem em posição até hoje no Pátio do Forte.

Figura 9 – Imagem da Praia de Fora do Forte Rio Branco, em Jurujuba, Niterói/RJ.

 

O histórico do Forte São Luiz e Forte do Pico remonta sua construção a 1567, com o estabelecimento, no local, de um posto de observação e vigilância da Bateria Nossa Senhora da Guia. Mas as medidas necessárias à efetiva construção do Forte só foram tomadas entre 1769 e 1770, no governo do Marquês do Lavradio, seguindo-se os planos elaborados pelo Engenheiro Jacques Funk, pelo Cel. José Custódio de Sá e Faria, e por Francisco João Roscio. A Fortificação foi concluída em 1775. Alguns anos mais tarde, porém, seu comando foi extinto, e sua guarnição incorporada à da Fortaleza de Santa Cruz. O Forte permaneceu abandonado entre 1831 e 1863, até que, em virtude da “Questão Christie”, foi reativado.

Atendendo aos imperativos de mudança de tática da época, e por determinação do Mal Hermes da Fonseca, foi iniciada, em 1913, a construção de nova fortificação, mais moderna e localizada na parte mais elevada, com 4 (quatro) canhões 150mm, formando o Forte do Pico. As obras terminaram em 1918. Incorporado ao Forte Barão do Rio Branco em 1938, permaneceu como seu Quartel de Guerra até a sua extinção, passando suas instalações e armamentos à 1ª Bateria do 1º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado e ao Forte do Imbuhy. Em 1992, a fortificação e seu acervo passaram à responsabilidade do 8º GACosM e atualmente estão sob responsabilidade do 21º GAC. Em abril de 1998, o Forte São Luiz e Forte do Pico foram abertos à visitação pública aos sábados, domingos e feriados.

 

(a) (b)

Figura 10 – Imagem (a) instalações do Forte São Luiz, Niterói-RJ; (b) Instalações mais elevadas no Forte do Pico, Niterói-RJ

 

A iniciativa de construir a fortificação do Forte do Imbuí deu-se após a Questão Christie, em 1863, episódio diplomático em que o Brasil e a Inglaterra quase entraram em guerra. Entretanto. Porém, em 1596, o Forte do Imbuhy já havia sido uma das bases de combate à esquadra do holandês Van Dorth e também aos avanços do Corsário francês Duclerc, em 1710. Em 1863, iniciaram-se as obras de um novo projeto que, passando por várias modificações, e tinha por função ligar-se com o Forte Barão do Rio Branco, o qual, por sua vez, cruzava fogos com a Fortaleza de Santa Cruz.

Em 1871 as verbas destinadas à sua construção foram remanejadas para outros fortes, prosseguindo, no entanto, as obras até 1877, quando foram totalmente paralisadas. O forte permaneceu abandonado até que, em 1894, os planos de construção foram reativados, decidindo-se, então dotá-lo de uma cúpula encouraçada, armada com canhões de 280 mm e 75 mm, de origem alemã. Em 1901, o Forte do Imbuhí foi inaugurado e considerado um forte de primeira classe por possuir os maiores canhões de cúpula do mundo na época. Em 1957, o Forte do Imbuí foi desativado e em agosto de 1998 foi aberto à visitação pública aos sábados, domingos e feriados, o que não mais ocorre desde que se instalou ali o Centro de Instrução de Operações Especiais - CIOpEsp em julho de 2010.

 

 

Figura 11 – Imagem das instalações do Forte Imbuí, Niterói-RJ.

 

Hoje, como Organização Militar Diretamente Subordinada à Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército, Artilharia Divisionária Cordeiro de Farias, o 21º Grupo de Artilharia de Campanha tem como Missão-Síntese:

- Apoiar pelo fogo as operações conduzidas pela 1ª Divisão de Exército (1ª DE) em Situação de Guerra;

- Ficar em condições de participar de operações de cooperação e coordenação com agências em Situação de Não-Guerra;

- Gerir o Parque Histórico Monte Bastione, os Hotéis de Trânsito e o Centro de Convenções sob sua responsabilidade; e

- Controlar o acesso, o uso e a manutenção das praias.

Tendo como Norte a sua missão, a OM segue na permanente busca pela melhoria de sua capacidade operativa e efetividade na gestão do bem público.

Como exemplos recentes de emprego do Grupo, podemos destacar a participação nos Jogos Olímpicos Rio 2016, na Intervenção Federal do Rio de Janeiro em 2018, na Operação Acolhida e na Operação COVID-19.

Os desafios são novos, os valores são os mesmos. Assim como coube aos que nos antecederam, hoje, a tarefa de superar os inúmeros desafios está em nossas mãos.

Que Deus nos guie e Santa Bárbara nos proteja!”

 

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Autorização de publicação da página eletrônica do 21º GAC na internet, no BI 241, de 27 de dezembro de 2021, do CML.